Cultura do Futebol na Política

O Brasil, como Estado, ainda é muito jovem. São 217 anos desde a chegada da família real e 134 anos desde a Proclamação da República. Ainda estamos desenvolvendo nossa cultura política.

A maioria dos cidadãos brasileiros comuns, em grande parte apolíticos, se dedicasse 25% do tempo que dedicam ao futebol para buscar informações políticas, teríamos um país melhor. Muitos não sabem nada sobre política e nem sequer lembram em quem votaram.

Nas eleições, muitos pegam um “santinho” no chão, ou de alguém, ou perguntam a um parente ou amigo: “Em quem você vai votar?” e seguem o conselho. Isso os torna desinformados e manipuláveis. É aqui que entra o “torcedor de futebol eleitoral”, manipulado e fanático.

Movido pelo viciante fanatismo futebolístico, para ele, em sua visão limitada da política, não importa se o “jogador” do seu time foi desonesto ou desleal. Se o torcedor de outro time reclamar, ele logo grita: “Vocês também bateram! Vocês também roubaram!” como se o erro na política pudesse ser admissível e repetido, aceito como normal, assim como no futebol.

Um erro no futebol, no máximo, resulta na derrota de um time. Na política, prejudica uma sociedade inteira. Se perde o jogo, passa meses, até anos, reclamando do juiz, alegando que a confusão no estádio promovida por sua torcida foi provocada pela outra.

Por décadas, culpa o juiz pela derrota que sofreu, enche o saco de todos diariamente com memes ridicularizando o time adversário, ameaça a torcida adversária, tenta invadir o centro de treinamento dos jogadores. Quando o time perde, depredam lojas e o patrimônio público. A polarização entre as torcidas leva a confrontos mortais nos estádios, nas ruas, deixando famílias em prantos.

Mas há otimismo. Talvez eu não veja, e você que está lendo também não verá.

A admirável cultura democrática dos países desenvolvidos não foi construída em 200 anos. Chegaremos lá.

Por enquanto, o que nos resta é investir em educação, educação e mais educação para superar, nos próximos séculos, este tão nocivo desvio de comportamento cultural de nosso país.

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